Ilhas Desconhecidas
por Rogério Santos Pereira
Essa ilha que outrora
fora desconhecida
Ao fazer-se conhecida,
tornou-se abandonada.
Depois de um desembarque,
o desconhecido se revela,
o coração não mais palpita,
as retinas se acostumam,
todo grito silencia.
A ilha que perdeu o adjetivo
Os olhos só se acalmam
olhando para o mar
até que a alma se perda
em balanços,
nas esquinas
da linha do horizonte.
É hora de lançar,
remar sem leme, ir,
mesmo sendo cômodo ficar.
Talvez os ventos soprem para outras direções.
Ou o timoneiro, fatigado de escolher caminhos,
afaste-se do leme,
deixando que a embarcação
vague
lentamente
perdida
como um ponto no oceano
que se imortaliza qual fotografia.
Não há temor diante das tempestades:
O náufrago de um mar com a profundidade de um pires
não se afoga, cai de joelhos.
Talvez a posição não se preste a uma prece,
mas se de joelhos vai ao chão,
restará a aflição
de que do chão
não passará.
Do barco para o pires;
de joelhos, ao chão.
O oceano transborda
em pontos de vista,
Perdura a busca
de uma nova visão.
Do mar para o chão
de novas ilhas.
Um outro desembarcar
que desmancha
tudo o que um dia
se desconhecia
e se revela
nas variações dos tons
da monotonia
A ilha perde o adjetivo,
o grito,
o sentido.
O desejo não era da ilha,
mas sim do desconhecido.