O site Guia Floripa, que disponibiliza a agenda cultural e as possibilidades turísticas da cidade de Florianópolis – SC, ao descrever um "tradicional point da juventude da ilha", a Praia Mole, ressalta que “nos dias mais quentes a paquera toma conta do lugar. Corpos atléticos e torneados desfilam por suas areias, exibindo todo o charme de quem sabe aproveitar as coisas boas da vida”. Entre os corpos esculturais que transitam pela característica areia fofa da praia, um olhar mais atento se surpreende com a dinâmica de inteiração social da juventude que ocupa aquele espaço. Tanto a ostentação da beleza estética explicitada no ideal do corpo perfeito quanto a busca pelo contato corporal com a natureza convivem com práticas que advém das novas tecnologias e estabelecem uma cena que parece contraditória.
Os corpos perfeitos que dividem o mesmo espaço na areia se perdem em um ritual individual e solitário que se volta para as músicas executadas em um tocador de MP3. Por horas consecutivas não há diálogo com quem divide a faixa de areia. O mundo exterior ao sujeito parece fragmentado, suas partes são selecionadas e isoladas de acordo com o interesse particular: sai o que (ou quem) for inconveniente, ficam a areia, o sol e o mar. Já não há contentamento com uma exuberante paisagem natural. A paisagem deve seguir a lógica de um videoclipe onde as imagens são sempre acompanhadas por uma trilha sonora.
Na outra extremidade da situação, o visual “roupa de banho, óculos escuros e chinelo de dedo” ganha a companhia dos celulares. Mais uma vez os ocupantes da praia não convivem entre si. Perdem-se em um mundo de conexões de alcance incalculável Os celulares aproximam quem está distante e afastam quem está próximo. A praia lotada abarca, além das relações tradicionais e dos corpos perfeitos, centenas de pessoas que estão transitando ou por uma realidade própria e solitária ao som da música que não é compartilhada com a pessoa ao lado, ou pela conversa que se estende por um mundo alheio e distante da praia a partir da telefonia móvel. Como entender os usos da tecnologia em um ambiente onde o corpo é exposto e sobrevalorizado? O corpo é reificado na busca pela estética do belo, é cultuado como mais um acessório que se ostenta no ambiente da praia? Ele é anulado, esquecido, torna-se um corpo diluído pela imersão no ambiente tecnológico? Ou ampliado em possibilidades, tendo nos aparatos tecnológicos a extensão e ampliação dos seus sentidos?
Em um fim de semana de sol, ao andar pela Praia Mole lotada, vemos inúmeros corpos belos e sarados. Um desfile de sungas e biquínis revela tatuagens estampadas em curvas e músculos perfeitos. Pessoas conectadas por celulares conversam remotamente por voz, trocam mensagens instantâneas, guardam suas imagens digitalmente e até se banham no mar de vez
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